I.
Quando estou num centro comercial enorme, gosto de me perder para depois encontrar a saída, sozinha. Sem perguntar a seguranças, nem a empregadas de balcão. Vasculho, observo e encontro, sozinha. Aprendo. E a única razão que encontro para esta analogia do Centro Comercial é o meu estado de espírito, meia perdida, meia acordada. Vendo a encruzilhada em que às vezes sei que estou, nem sempre sei sair dela. Acho que ninguém sabe, mas esta auto-consciência, além de estranha, torna imperativa a introspecção. Ei-la.
II.
A novidade que nos retira capacidades de resolução. O que é novo, nem sempre bom, é quase por regra marcante. E desorienta. Se não estamos habituados. Se nos descobrimos. Se nos vemos onde nunca nos vimos. E é mau. Depois é bom. Depois ainda, cai em mim e é mau outra vez. Dança, ao sabor da música que ouço, das palavras que me importam dos outros. Sempre assim: intermitente. Por isso é que a tal encruzilhada é embriagada, sempre a mudar de luzes, de tons. Como é que se escolhe um caminho quando ele anda à volta?
III.
Depois vem a punição. Hábito meu, que visto. Velho hábito meu. Se me descubro onde nunca me vi, se não faço o que é certo, ou pelo menos o que é perfeito. Dou murros no estômago, ponho o estômago mesmo a jeito de levar, para exorcizar a dor, com uma dor sentida também. Desliguei agora o aquecedor, em mais um gesto de murro. O frio e a fome fazem sentir-me acusada de uma culpa que não tenho.
IV.
Até me encontrar será assim. Até encontrar respostas. Sigo o mais penoso pela impossibilidade do mais fácil - tu. Sem punições, sem dramas - tu. Se pudesse estava já lá, à tua espera. Salva, mas sem me encontrar - tu. Ainda bem que não estás.
Quando estou num centro comercial enorme, gosto de me perder para depois encontrar a saída, sozinha. Sem perguntar a seguranças, nem a empregadas de balcão. Vasculho, observo e encontro, sozinha. Aprendo. E a única razão que encontro para esta analogia do Centro Comercial é o meu estado de espírito, meia perdida, meia acordada. Vendo a encruzilhada em que às vezes sei que estou, nem sempre sei sair dela. Acho que ninguém sabe, mas esta auto-consciência, além de estranha, torna imperativa a introspecção. Ei-la.
II.
A novidade que nos retira capacidades de resolução. O que é novo, nem sempre bom, é quase por regra marcante. E desorienta. Se não estamos habituados. Se nos descobrimos. Se nos vemos onde nunca nos vimos. E é mau. Depois é bom. Depois ainda, cai em mim e é mau outra vez. Dança, ao sabor da música que ouço, das palavras que me importam dos outros. Sempre assim: intermitente. Por isso é que a tal encruzilhada é embriagada, sempre a mudar de luzes, de tons. Como é que se escolhe um caminho quando ele anda à volta?
III.
Depois vem a punição. Hábito meu, que visto. Velho hábito meu. Se me descubro onde nunca me vi, se não faço o que é certo, ou pelo menos o que é perfeito. Dou murros no estômago, ponho o estômago mesmo a jeito de levar, para exorcizar a dor, com uma dor sentida também. Desliguei agora o aquecedor, em mais um gesto de murro. O frio e a fome fazem sentir-me acusada de uma culpa que não tenho.
IV.
Até me encontrar será assim. Até encontrar respostas. Sigo o mais penoso pela impossibilidade do mais fácil - tu. Sem punições, sem dramas - tu. Se pudesse estava já lá, à tua espera. Salva, mas sem me encontrar - tu. Ainda bem que não estás.
6 comentários:
lembrei deste pequeno poema do miguel torga:
«Remendo o coração, como a andorinha
Remenda o ninho onde foi feliz.
Artes que o instinto sabe ou adivinha
Mas fico a olhar depois a cicatriz.»
A tua desorientação é-me (infelizmente) familiar. Só não encontrei foi tão belas palavras para a expressar.
Andar desorientado e perdido num centro comercial é uma óptima sensação de liberdade.
Dá a ideia de que consegues ver esse labirinto de cima, o que já não é nada mau. Mais preocupante é essa cena dos murros. Tu poupa-te. :-)
OH...MY...GOD...!
Isso está bem pior do que eu pensava (sim, meus amigos, isso não são palavras dispostas aleatoriamente, mas servem um fim maior). Não havendo messenger a norte, espero que haja acesso a blogs...
Aguardo ansiosa as cenas dos próximos capítulos.
Beijo na boca *
Eu ando perdida... Noutra dimensão, disse!
Por vezes, sinto.me tão desorientada que, quando pergunto a alguem qual a direcção certa, mesmo que seja a errada, sinto.me melhor. Isto porque, sendo como sou, consegui ter coragem para perguntar e desinibir-me. Ainda me é bastante dificil essa minha "tomada de decisão".
Força de vontade e mais "tomadas de decisão".
Beijo na bochecha, minha mamã!
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