segunda-feira, março 24, 2008

Em repeat - push the button

Coisas do (desas)sossego de Páscoa...

-Dummy Portishead
-Franz Schubert Royal Philharmonic





sábado, março 22, 2008

Desculpem lá,

mas há alguma coisa mais perfeita do que um Homem bonito, de turbante, que cozinha bem? Sounds paradise. Obrigada Chakall.

As mulheres e os sapatos

É verdade, nós temos um fraquinho por sapatos. Por acessórios em geral, mas na maioria dos casos por sapatos. É como os Homens com carros, com máquinas em geral. Bem sei que deve haver os que as abominam, como as que odeiam ter que ir a uma sapataria. Como em tudo, há que saber relativizar. Mas que para a maioria de nós uma montra recheada de sapatos é uma merecida paragem, é.


Ouvi esta história contada pela minha Mãe mil vezes, e mais mil vezes ouvirei porque nunca me canso de a ouvir relatar em episódios esporádicos a minha infância. Penso que teria 3 anos, mais ou menos. A minha Mãe queria uns sapatos. Para os poder escolher em descanso levou com ela, além de mim, a minha Tia, para ela tomar conta da pequena. Eu não era nada endiabrada, tenho a dizer, mas uma criança é uma criança... O desfecho não é nada de transcendente, aviso, e aproxima-se. Só quero partilhá-lo para confirmar o que acabei de escrever no primeiro parágrafo - a paixão por sapatos. A minha Tia, cuja tarefa era simplesmente olhar por mim, deve ter-se apaixonado por uns quaisquer saltos de agulha ou cunha, (não sei o que se usava na Primavera/Verão de 1988). Entretanto, eu, ao ver-me sozinha no meio de tantos saltos e fivelas que na altura ainda não faziam as minhas delícias, resolvi sair, e atravessar a estrada bastante movimentada, na passadeira. A proeza, que só aqui está para comprovar uma teoria, deve ter-me valido uma ou duas pamadas no rabo, muito provavelmente.


Sem querer insistir muito nisto, acho que é fácil adivinhar, mesmo para quem não percebe, o fascínio que preenche uma mulher, quando rodeada de sapatos, onde imagina os seus lindos pezinhos. Será sempre um cliché para quem vê de fora, um prazer para quem vê de dentro. E não faz mal nenhum.


Gostava ainda de mostrar o meu desagrado por certas coisas que ultimamente tenho lido e ouvido. "-Ah, os leitores da Vogue e da Elle não nos interessam muito...", "(...)futilidades(...)". Não percebo de que modo é que certas mentes não entendem que a Moda é tão fútil como a Música, o Cinema ou o Desporto. Tudo é show-off, tudo é para mostrar, tudo é teatro. Talvez os leitores da Maria ou da TV7 dias não sejam o público-alvo para nada que se prenda com qualquer actividade intelectual, é quase certo. Mas não tomemos as mentes dos leitores das grandes revistas de Moda como vazias, só porque sabem o que é um corte Bob, um cardigan, um vestido-cocktail, ou uma clutch.

E sim, é ressabiamento. Fiquei ofendida. :)

quarta-feira, março 19, 2008

Sem preconceito

Eu já sei que vão chover insultos, ovos podres e tomates à espanhol, bem madurinhos, nos vossos computadores e nos meus comentários. Conheço bem o meu "público", gente de bom gosto, que ouve todas aquelas coisas que nos provocam tantos posts em comum e tanto prazer em ouvir. Mas tenho que vos dizer que ontem, no Musicbox, desta vez sem pisar o porteiro, Buraka Som Sistema partiu com tudo! Eles são o antídoto para qualquer estado mais enfermo ou depressivo. São a alegria contagiante, a animação desenfreada nas ancas de quem se deixar levar pelo ritmo. Vá lá, por favor, sem preconceito!

terça-feira, março 18, 2008

Devias.

"Hey Tom do you know for how long am I loving you / It's time to move on, to leave my heart for something new / I want to make you smile, I want to close your eyes, but I don't have the strenght"
Havias de gostar que te tivesse aquecido os pés, havias de gostar da sopa da minha Mãe ao Domingo à noite, havias de gostar dos meus braços cravados em ti, havias de ter gostado que olhasse para ti entre papéis de rebuçado, havias de ter gostado de fumos partilhados, de cheiros que mais ninguém sente. Havias de gostar dos meus ciúmes de outras, da tua roupa em mim. Havias de gostar do meu perfume, do meu sorriso. Havias de gostar da minha cabeça no teu ombro, nas canções partilhadas. Havias de gostar da minha prenda de Natal. Havias de gostar da minha morada e do meu número de telefone. Devias ter gostado de mim.


segunda-feira, março 17, 2008

Notas soltas em capítulos

I.
Quando estou num centro comercial enorme, gosto de me perder para depois encontrar a saída, sozinha. Sem perguntar a seguranças, nem a empregadas de balcão. Vasculho, observo e encontro, sozinha. Aprendo. E a única razão que encontro para esta analogia do Centro Comercial é o meu estado de espírito, meia perdida, meia acordada. Vendo a encruzilhada em que às vezes sei que estou, nem sempre sei sair dela. Acho que ninguém sabe, mas esta auto-consciência, além de estranha, torna imperativa a introspecção. Ei-la.

II.
A novidade que nos retira capacidades de resolução. O que é novo, nem sempre bom, é quase por regra marcante. E desorienta. Se não estamos habituados. Se nos descobrimos. Se nos vemos onde nunca nos vimos. E é mau. Depois é bom. Depois ainda, cai em mim e é mau outra vez. Dança, ao sabor da música que ouço, das palavras que me importam dos outros. Sempre assim: intermitente. Por isso é que a tal encruzilhada é embriagada, sempre a mudar de luzes, de tons. Como é que se escolhe um caminho quando ele anda à volta?

III.
Depois vem a punição. Hábito meu, que visto. Velho hábito meu. Se me descubro onde nunca me vi, se não faço o que é certo, ou pelo menos o que é perfeito. Dou murros no estômago, ponho o estômago mesmo a jeito de levar, para exorcizar a dor, com uma dor sentida também. Desliguei agora o aquecedor, em mais um gesto de murro. O frio e a fome fazem sentir-me acusada de uma culpa que não tenho.

IV.
Até me encontrar será assim. Até encontrar respostas. Sigo o mais penoso pela impossibilidade do mais fácil - tu. Sem punições, sem dramas - tu. Se pudesse estava já lá, à tua espera. Salva, mas sem me encontrar - tu. Ainda bem que não estás.

sexta-feira, março 14, 2008

4ª feira, Março 12, 2008 - Se o David Fonseca fosse uma mulher, era ela.

Quarta à noite no MusicBox não começou por correr muito bem, não. Espera de 1hora e meia à porta, nas imediações de toldos que diziam "Lap Dance" e " Non Stop Strip", muito frio para a roupa que trazia e dores nas costas e pés. "- Mas eu nem conheço músicas nenhumas, só uns singles que dão na rádio! És tão estúpida, não estavas melhor em casa?", lamentava eu. " - Nome na guest list, têm?", " - Não, qual nome na guest list, qual quê. Quero é despachar isto", lamentava eu outra vez. A minha expectativa rapidamente foi substituída por um ligeiro mau humor.
Entrámos. Pisei o porteiro sem querer, mas deu-me gozo, confesso. " - Toma lá, que esta foi por aquilo da guest list, e pelo tempo que me deixaste ao frio a olhar para as placas das Ruas dos Alecrins e dos Carvalhos, que não existem". (voz off: tom de vingança). 6euros para o concerto, já se sabia. O espaço era novidade e não desiludiu. Lentamente os cantos dos meus lábios elevavam-se e eu parecia eu outra vez, como quando saí de casa. " - Ah e tal...não vou beber cerveja, quero uma vodka laranja. É isso. Vais buscar? Obrigada. (...) Quanto é que foi? O quê? A senha de 2euros mais 3euros? Mais me valia ir enfrascar-me para o Lux...". A coisa não me estava a agradar - e os cantos a descerem outra vez.
Luzes. Ela entra. Nós mesmo à frente, mesmo ao centro. Até o microfone me tirava ângulo de visão, mas a coisa torna-se mais intimista. " - Ouve lá, não sabia que ela era tão gira". Linda de morrer, vestido preto, eyeliner, collants vermelhos translúcidos e os inevitáveis sapatos da inevitável côr. Tenho quase a certeza que a senhora ao meu lado está apaixonadíssima por ela. " - Boa noite, desculpem a demora, tivemos uns problemas...", diz ela. " - Ah ok, já estou a gostar mais."
'The begining song' foi a primeira, e logo me prendeu; nem precisava de mais nenhum acorde para perceber que a voz dela anda perto do que deve ser a afinação perfeita. É doce a voz, é límpida e sincera nas letras que canta, que me fazem imaginar sempre o mesmo 'Hey Tom', o culpado por um qualquer desgosto amoroso. Todos os músicos de ténis vermelhos: achei piada. Fotografei, filmei, achei por bem registar a minha localização tão próxima do palco. Em grandes concertos, com fãs histéricos nunca posso, nunca dá, há que aproveitar.
Perante um público interessado, mas pouco entusiasta, (provavelmente das dores da fila de espera), ela dançou e tocou os seus "sete instrumentos", numa postura de menina-mulher que encontrou a dose exacta de rock n' roll e sensualidade.
Rita Red Shoes - nem precisava de escrever que os meus lábios já sorriam, pois não?

quinta-feira, março 13, 2008

quarta-feira, março 12, 2008

Hiding other's tears in my eyes - live

Quem, por razões várias, (as minhas quase sempre monetárias), não vai a concertos, tenta dar a volta à frustração e impotência de uma outra qualquer maneira. Nem que seja por um minuto sentir a multidão, nem que seja ao longe vibrar, e mesmo com o som distorcido, fazer parte de um êxtase colectivo que não é fisicamente o nosso. Estar lá importa. No segundo de um pensamento, de um sentimento de quem gosta de nós. Os meus momentos ofereço-os também, e pego no telefone, e partilho aquela música, aquela luz... por pedido, por favor, por resolução própria, por prémio. (toma um presente: é para ti.)

Por tudo isto, importou lá estar. Importou ouvir "Boys don't cry" em directo do Pavilhão Atlântico, importou o barulho, e apesar de não ouvir o Robert Smith, importaram as outras vozes. Obrigada a quem partilhou.

terça-feira, março 11, 2008

My own Mr. Grey

Só porque ele vem cá. Só porque vem na véspera do meu aniversário, só porque eu tremia se ele me sussurasse algo como isto ao ouvido, só porque só quero ir ver, só porque já me fez feliz, só porque o tom lascivo da sua voz consegue incendiar de erotismo os ambientes mais gélidos, só por nada:

"If you want a lover
I'll do anything you ask me to
And if you want another kind of love
I'll wear a mask for you
If you want a partner
Take my hand
Or if you want to strike me down in anger
Here I stand
I'm your man" *
*and I'm yours

domingo, março 09, 2008

Sentei-me aqui. Pensei. Não sou "O Pensador", não sou. Ele ficaria envergonhado. Não tenho um rochedo que se perde nos meus tornozelos, não tenho um mar, não tenho um riacho sequer. Nem tenho em que pensar. E ainda assim penso. Penso preto, de volta ao branco onde sempre estive. E podia estar rosa, e podia estar azul. E ainda melhor, podia estar vermelha. E não estou. Depois do absinto o que sobra? Depois de um estado tão lato de embriaguez pego na tua mão. Não; tu é que pegas na minha. E tu é que me dizes "Vai, vai, vai". Não sendo como o outro poeta, ou outro cujo nome já esqueci, digo "Não vou, não vou, não vou". Ele ficaria envergonhado. Por isso nem chego a dizer, nem chego a viver. Faltam-me livros, falta-me a música, faltas-me tu. E leio-vos a todos, e a todos vos amo ao ver. Fico embriagada mais uma vez, até ouvir a razão. Vão passar-se meses nisto. Nas intermitências da vida, ora agora sou vulgar, ora agora estou bem, ora agora sou vulgar, ora agora estou bem. Mal, bem, mal, bem, mal, bem, mal, bem. Acabo no bem e não me deixo derrotar. Hoje ainda não.

quinta-feira, março 06, 2008

Não dá para acreditar


Comprei um shampoo da loréal, para cabelos encaracolados. Tem um nome atractivo, pomposo: caracóis sublimes.


Põe-me o cabelo mais liso.

(???)

segunda-feira, março 03, 2008

Men... oh, dear. *

* (Read with british accent. Thank you.)

"Used to be satisfied but now you feel like Mick Jagger"*

Insatisfação. Tenho-a sentido ultimamente. Nunca chega, nunca é bom suficiente, nunca me preenche totalmente, nunca me faz totalmente feliz. Nunca o meu ego cresce, nunca as minhas capacidades se desdobram, nunca o meu talento aparece, nem ao sol, pouco regado, como os cactos. Não chegam os elogios, não constroem as críticas, não me motiva nada. Ou pouco. A inspiração vejo-a de vez em quando, não chega para erguer o queixo na rua. Não sei porquê isto. Sou fácil de agradar. Muito fácil. Basta um gesto para a minha perpétua lealdade e admiração. Basta uma cedência, um abraço, uma palavra para a minha total atenção. Porquê isto agora? Acho que estou como as cobras, a mudar de pele. A falta de posts deve ter alguma coisa a ver com isto. E não foi este que me satisfez.


*Just Jack - Starz in their eyes

Je ne regrete rien.

E a Academia também acertou em cheio nos Óscares para melhor Actriz e melhor Maquilhagem. A arrogância, o trauma, o desespero, a força de uma 'Vie en Noir' estampada na cara de uma jovem actriz: Marion Cotillard. "Rien de rien" no final é arrebatador; faz chorar pedras da calçada. Uma grande senhora, uma grande voz, um grande filme.