quarta-feira, fevereiro 27, 2008

A quarentena da prisão de ventre



Os iogurtes ACTIVIA, os ex BIO, portanto, têm uns anúncios televisivos interessantíssimos. Para quem ainda não foi presenteado com os ditos cujos, há algo que precisam de saber; a Fátima Lopes é a cara do iogurte, coisa que soa muitíssimo bem. Experimentem, por favor, ler em voz alta. Não é a dos vestidos com montes de buracos e argolas, é a outra, essa mesmo, a das manhãs da sic. Ora bem, depois de vezes sem conta ter visto o anúncio, algo começou a chamar-me à atenção naquele spot publiciário, algo que não estava bem. Depois de um discurso super entediante sobre o trânsito intestinal, e das maravilhas que os milagrosos iogurtes podem fazer pela nossa flora, (o que deve ser uma treta, não sei, mas eu aconselho laranjas e kiwis logo pela manhã), a Fatuxa diz, mesmo no fim, quase a susurrar, que caso não dê resultado a ACTIVIA nos devolve o dinheiro. Foi nesse preciso momento, no momento em que assimilei o que ela tinha dito, que o meu cérebro estremeceu e que fiquei com uma lâmpada a flutuar por cima de mim. Asseguro-vos que foi um instante muito marcante. Pensei "-Mas, então...como é que eles podem saber se o indivíduo que vai devolver o dinheiro continua com prisão de vente ou não? Espera lá, que eu ainda posso ganhar uns trocos com isto..." Eu, já pronta a enfrentar os gerentes dos Continentes e Pingos Doces deste país. É bastante simples; uma pessoa compra aquilo e fazendo efeito ou não fazendo, vai lá e diz que não "evacua" há 15 dias, que está muito mal diposto...
O defeito é meu, ou é a proposta mais estúpida da televisão portuguesa? Eu sou conhecedora do fenómeno da devolução de dinheiro, mas com coisas concretas, visíveis e menos invasivas...Com o trânsito intestinal não estava à espera. Será que a ACTIVIA tem recintos onde pôr as pessoas de quarentena para que aí sim, tenham a certeza que os queixosos sofrem do mal da obstipação intestinal? E ao fim de 40 dias "-Vá, faça bom proveito dos seus 2,18 euros, e desculpe qualquer coisa!"

Fresquinho!


Com os sucessivos aumentos do preço do pão, cada vez fico mais feliz por estar de dieta.

sábado, fevereiro 23, 2008

Uma questão de consciência

Vim mesmo há pouco do cinema. Fui ver "Michael Clayton". Apesar de não o considerar uma obra-prima do cinema, são 120 minutos de boa realização, bom argumento, e especialmente de uma brilhante - a mais brilhante - interpretação, por George Clooney. Desconfio que o Óscar para o melhor actor se avizinha para Daniel Day lewis ou Tommy lee Jones, de qualquer modo não seria desadequado numa prateleira de Clooney. O filme é directo, é crú, e não se estende por romances acontecidos à pressa, recheados de cenas de sexo com uma qualquer barbie hollywoodesca. Não mostra o herói como herói; às vezes parece que o protagonista além de Aquiles, tem de ser o Super-Homem, e ainda tem de dizer uma graçola na altura certa. Não disseca os dramas familiares de Clayton como se para a história interessassem. Se o tema é corrupção, se é mentira, se é consciência, é isso que vamos ter e ver.
Resta-me dizer que Tilda Swinton foi extraordinariamente bem escolhida para o papel, e que a actriz aparece muito mais assustadora e sinistra do que n' "As crónicas de Nárnia". :)
Não resisto a dizer só mais uma coisinha. Vá, vocês já estavam à espera, se não dissesse nem parecia eu. Ignorem o cliché. O George Clooney, provavelmente por ser geneticamente perfeito, fica tão bem no ecrã gigante... E que bem que fica a fotografia dele no meu blog.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Há um ano...

...em Praga. Há um ano atravessava agora eu, e as minhas companheiras (reisen mädchen) :) muito provavelmente, a fronteira alemã, para entrar na República Checa. Com algumas peripécias pelo caminho, que ficarão para uma próxima opurtunidade na vida ainda longa que pretendo dar ao meu blog, de madrugada chegámos ao destino. Praga parecia-me, para ser sincera, um sítio estranhíssimo. Eram 5h ou 6h da manhã, estava muito escuro, e nós perdemo-nos até ao hostel. Com estas condições não ganhou, de modo nenhum, um prémio no pódio de "Melhores Primeiras Impressões". Estava cansada, tinha fome, lembro-me dos meus olhos transparentes...
Já mais recomposta, a dar o passeio inicial, e ainda virgem pela cidade, pensava que era bonito, sem dúvida. Não percebia bem o alarido à volta da capital Checa, mas gostos são mesmo assim, não se discutem. Ao chegar perto do rio, se não me engano ao pé da Ópera, não muito longe da Charles' Bridge, senti-me finalmente iluminada. Fiquei sem fôlego, com aquela sensação de transcendência e impotência que remontam ao tão badalado sublime, e que nos deixam um pouco tontos por não controlarmos o que idealizamos. A ponte é magnífica, a outra metade da cidade é grandiosa. Pelo meio de torres religiosas várias, telhados e montes, espreitam as torres protagonistas do último capítulo d' "O Processo", as da Catedral, as de Kafka.
Aí, conquistou-me. Podia ter ido embora nesse preciso momento, e partir fã, apaixonada por ela, de qualquer maneira. Qualquer sítio, qualquer paisagem tem o seu brilho, mas Praga é quase o ideal estético em forma de cidade. Não nego que as haja mais bonitas; eu conheço aliás uma, que não revelo abertamente, para não ser conotada com excesso de patriotismo.
Praga pediu-me Bilhete de Identidade, Número de Contribuinte, da ADSE, Cartão da Faculdade, de modo a não mais a largar. A ter-me sempre por perto. E eu estou por perto: trago-a nas minhas melhores recordações.

quinta-feira, fevereiro 21, 2008

E já agora, a minha infelicidade e frustração...

Por ter perdido, o 3º episódio de Dexter. (dor, sofrimento)
Bem, tudo serve de desculpa para pôr aqui as imagens do meu genérico preferido.



Eu sei que já está tudo careca de saber, mas eu tinha de mostrar a minha felicidade



A Cat cá. Toda para nós.

terça-feira, fevereiro 19, 2008

les misérables



um dia destes, a passar de carro pelo Rossio, reparei numa pessoa. não é novidade, eu reparo em muitas pessoas. nem tão pouco é inédito o que me veio à cabeça. muitas vezes sou assaltada por pensamentos assim, que apesar de tudo ainda me tornam num ser humano mais ou menos consciente.
ela baixa, preta, não muito magra, com um penteado tipicamente africano, com paupérrimo aspecto. a conversa das minhas amigas no banco da frente, as gargalhadas do costume e a amywinehouse a tocar no rádio passaram para uma outra dimensão, e eu fiquei ali, perdida em pensamentos, como é costume, até elas dizerem:
"-não foi ema?"
antes disto, dois minutos atrás, eu reparei na humildade dela, ao receber sucessivos nãos e olhares indiferentes. dois senhores voltaram então atrás, para lhe dar umas moedas, prémio da sua humildade, pensei eu. transportei-me para lá, imaginei-me dentro do corpo dela. como reagiria eu a tantos nãos? não bem, creio; com acessos de raiva contra uma sociedade que me pôs de parte. por tudo isto pensei na fortuna colossal que tenho, em ir passear para o chiado com amigos, no carro de uma delas.
tal como para a amy, as lágrimas dela também têm de secar por si próprias (tocava na rádio "my tears dry on their own"), não tendo ninguém que lhas seque. bem sei que não teria dinheiro para todas as esmolas que me são pedidas, diariamente, mas tenho pena de não pôr a mão na consciência mais frequentemente, e de não voltar atrás, como os dois senhores, por umas moedas, que significariam o "pão de cada dia nos dai hoje".


as minúsculas não foram um acaso da minha preguiça frente ao teclado: é que somos todos tão pequenos.

"Happiness is only real when shared"*


E aqui estou eu, a partilhar.
*Into the Wild

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Bad Habit #2


P.S. - não fazia ideia que estes tipos tinham a melhor cover de Sexual Healing de sempre. num álbum anterior. Neste estou vicidada em Ready for the floor. Vá, tudo a mexer.

Neblina matinal

Tenho um postal colado na parede. Na parede ao pé da cama. Mas mesmo ao pé. Na linha dos meus olhos. Um pouco mais abaixo. Talvez. E diz isto:

do what you have to do
what it is that you do
you do have to do what
you do have to do
you do what you have to
do I have to do what
I have to do
do what you have to do
what is is that you do
that you have to do
do what you have to do
E eu, cheia de sono ainda, mesmo depois do despertador tocar, nos minutos mais decisivos do meu dia, tento memorizar isto, para me manter desperta. Nunca consegui.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Como eu gosto deles



The Magic Numbers - Take a chance

Às vezes é preciso alguém que nos diga para arriscar. Eles dizem-me. Muitas vezes.

sábado, fevereiro 09, 2008

Bloody Dexter

Ou o primeiro episódio me enganou muito, ou eu já não via uma série assim tão excelente há muito muito muito tempo.
A genialidade de quem criou (desculpem a ignorância, mas não sei quem foi...) aquela personagem é inquestionável.
É normal em mim, e acredito que em vós todos também, agarrar-me ao sofá, ao domingo à tarde, torcendo para que aquele ladrão simpático (que nunca é assim tão criminoso, até é um gajo porreiro...) consiga fugir ao polícia, que já espatifou, em 30 minutos de filme, 5 carros. E que do nosso civismo e empatia só consegue pena... Bem, o que eu queria dizer, é que Dexter nos leva a um outro nível. Não só não nos importamos com o facto de ele ser um assassino disfarçado de CSI, como acabamos por entender e acariciar as suas neuroses, que são imensas. Penso até que a certa altura vamos deixar de nos preocupar com o facto de ele andar a tirar por aí vidas. Além de só matar escumalha humana, ainda nos faz rir enquanto o faz.

Na rtp2, às 4as, 22:40.

Afinal houve Carnaval...


E foi muito groovy...
A foto não é a melhor para mostrar a indumentária, mas ainda aguardo pela reportagem fotográfica da noite de Torres Vedras. Para já, é isto que há.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Untitled (sub tears)

E hoje chorei. No metro entre a Luz e a Praça de Espanha, chorei. Não é o primeiro blog que fala das lágrimas nos transportes públicos (pois não?), mas hoje aconteceu-me a mim. Não sei a causa, não sei razões, não sei se foi por me ter pesado, não sei se foi porque o continente não me aceitou o vale de descontos, não sei se foi porque hoje me sinto usada, humilhada, não sei se foi porque tenho saudades, não sei se foi pelo vazio. Mas chorei. Fui obrigada a esconder os olhos, a borratar a pintura, a pôr o destak à frente da cara, a pensar:
"- Não chores, não chores, não chores. Olha as pessoas."
E, no entanto, foi até um dia bastante cheio, um dia repleto de coisas novas, de boas companhias, de boas notícias. Que pico de emoções são estas, que por vezes me fulminam, me rompem, sem causa aparente? Que viram do avesso os meus dias, que os contrariam, mas que em nada para eles contribuem? Que só me assaltam porque me sentei aqui a escrever.
De qualquer modo, acho que hoje abri um precedente.

domingo, fevereiro 03, 2008

Olhos

Gosto de olhos, gosto. 00 Gosto mesmo. Gosto de olhos verdes, olhos castanhos, olhoz auis. Gosto muito de olhos escuros, e dos claros também, pintados de preto. Gosto de olhos de gato, de tigre e de coruja. De raposa, de serpente. Gosto de olhos rasgados, especialmente amendoados, e dos redondos também, que parece que se vêem no escuro. Olhos grandes, olhos pequenos, olhos que mentem, mas que mostram. Gosto de ver reflexo da televisão em olhos. E gosto muito de pestanas, longas, enroladas, mas gosto das curtas também, mais perspicazes. Gosto de pôr rimmel nos meus, do transparente, do bem preto. Gosto dos reviradores que parecem objectos medievais de tortura. Gosto de sobrancelhas grossas, gosto do sobrolho carregado. E adoro olhos fechados: _ _ . Amo olhares; quem não ama? Daqueles doces ou tristes, ou então dos outros à matador. Gosto da menina a mudar, sempre a mexer. Tão gorda, tão magra. Gosto do perigo que eles são, que nos fazem cair por terra, com a mais simples das mentiras.

Disseram-me uma vez que um elogio aos olhos é o melhor elogio que se pode receber. Eis aqui o meu elogio. Eu também acho que é.

sábado, fevereiro 02, 2008

Boa noite...

Esta é a minha música de embalar: Depeche Mode - "Goodnight lovers", Exciter.

Outras?
Eliott Smith - Angeles
Josh Rouse - Under your charms
Joseph Arthur - A smile that explodes
Damien Rice - The Blower's daughter
Eliott Smith - Pretty (Ugly before)
José González - Crosses
Corinne Bailey Rae - like a star
Sade - The sweetest gift
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