Coisas do (desas)sossego de Páscoa...
-Dummy Portishead
-Franz Schubert Royal Philharmonic
-Dummy Portishead
-Franz Schubert Royal Philharmonic
repararam que mudei o meu sub-título?
É verdade, nós temos um fraquinho por sapatos. Por acessórios em geral, mas na maioria dos casos por sapatos. É como os Homens com carros, com máquinas em geral. Bem sei que deve haver os que as abominam, como as que odeiam ter que ir a uma sapataria. Como em tudo, há que saber relativizar. Mas que para a maioria de nós uma montra recheada de sapatos é uma merecida paragem, é.
Eu já sei que vão chover insultos, ovos podres e tomates à espanhol, bem madurinhos, nos vossos computadores e nos meus comentários. Conheço bem o meu "público", gente de bom gosto, que ouve todas aquelas coisas que nos provocam tantos posts em comum e tanto prazer em ouvir. Mas tenho que vos dizer que ontem, no Musicbox, desta vez sem pisar o porteiro, Buraka Som Sistema partiu com tudo! Eles são o antídoto para qualquer estado mais enfermo ou depressivo. São a alegria contagiante, a animação desenfreada nas ancas de quem se deixar levar pelo ritmo. Vá lá, por favor, sem preconceito!
Quem, por razões várias, (as minhas quase sempre monetárias), não vai a concertos, tenta dar a volta à frustração e impotência de uma outra qualquer maneira. Nem que seja por um minuto sentir a multidão, nem que seja ao longe vibrar, e mesmo com o som distorcido, fazer parte de um êxtase colectivo que não é fisicamente o nosso. Estar lá importa. No segundo de um pensamento, de um sentimento de quem gosta de nós. Os meus momentos ofereço-os também, e pego no telefone, e partilho aquela música, aquela luz... por pedido, por favor, por resolução própria, por prémio. (toma um presente: é para ti.)
Insatisfação. Tenho-a sentido ultimamente. Nunca chega, nunca é bom suficiente, nunca me preenche totalmente, nunca me faz totalmente feliz. Nunca o meu ego cresce, nunca as minhas capacidades se desdobram, nunca o meu talento aparece, nem ao sol, pouco regado, como os cactos. Não chegam os elogios, não constroem as críticas, não me motiva nada. Ou pouco. A inspiração vejo-a de vez em quando, não chega para erguer o queixo na rua. Não sei porquê isto. Sou fácil de agradar. Muito fácil. Basta um gesto para a minha perpétua lealdade e admiração. Basta uma cedência, um abraço, uma palavra para a minha total atenção. Porquê isto agora? Acho que estou como as cobras, a mudar de pele. A falta de posts deve ter alguma coisa a ver com isto. E não foi este que me satisfez.
E a Academia também acertou em cheio nos Óscares para melhor Actriz e melhor Maquilhagem. A arrogância, o trauma, o desespero, a força de uma 'Vie en Noir' estampada na cara de uma jovem actriz: Marion Cotillard. "Rien de rien" no final é arrebatador; faz chorar pedras da calçada. Uma grande senhora, uma grande voz, um grande filme.